domingo, 14 de setembro de 2008

A CRIANÇA E O DESENHO




Toda criança desenha. Mesmo que não seja adequadamente instrumentada para tal, a criança pequena quase sempre encontra uma maneira de deixar, nas superfícies, o registro de seus gestos: se não tiver papel, pode ser na terra, na areia, ou até mesmo na parede de casa; se não tiver lápis, serve um pedaço de tijolo, uma pedra, ou uma lasca de carvão.
Desenhar constitui, para a criança, uma atividade integradora, que coloca em jogo as inter-relações do ver, do pensar, do fazer e dá unidade aos domínios perceptivo, cognitivo, afetivo e motor. "A criança desenha, entre outras tantas coisas, para se divertir. Um jogo que não exige companheiros, onde a criança é dona de suas próprias regras. Nesse jogo solitário, ela vai aprender a estar só, "aprender a só ser". O desenho é o palco de suas encenações, a construção do seu universo particular" (DERDYK, 1989, p. 50).
Além de características pessoais da criança, que podem definir sua preferência pelo desenho ou por outra atividade expressiva, o gosto pelo desenhar também depende das oportunidades oferecidas pelo meio. No caso do ambiente escolar, a influência é ainda maior, já que o desenho se insere no contexto do saber institucionalizado, cuja "autoridade" tende a repercutir sensivelmente na relação da criança com a linguagem. Por meio dos relatos dos professores e das perguntas que fazem durante os cursos, podemos ter uma idéia de como anda a relação das crianças com a linguagem gráfica. Relatos que nos apresentam situações de crianças com desenhos estereotipados (desenham sempre a mesma coisa e do mesmo jeito), situações de crianças que detestam desenhar, que dizem "não sei desenhar" às propostas da professora, ou mesmo de crianças cuja atividade predileta é o desenho, servem-nos de referência para a discussão a respeito do papel do ambiente pedagógico no estabelecimento de vínculos da criança com o desenho.

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