sábado, 14 de fevereiro de 2009

Dizer não é saudável !




Nieves García

Um elemento imprescindível na educação é saber dizer ”não”. As atuais gerações de pais de família dão a impressão de ter horror a esta palavra. Treme-lhes a voz quando têm que pôr um limite, e até se sentem culpados quando o fazem. O bom educador não necessita levantar a voz, basta-lhe, em muitas ocasiões, um olhar para dizer “isso não se faz”, porque se sente seguro de estar fazendo o que está certo.
A diferença psicológica fundamental entre a criança e o adulto reside em que o primeiro desconhece quais são os seus limites, até onde pode chegar nos seus desejos, o que o favorece ou o que o prejudica, o que é o bem e o que é o mal.
A sábia natureza organizou de tal maneira a coisas que o período de amadurecimento de uma “cria humana” é dos mais lentos comparado com outros mamíferos. Quantos anos depende uma criança do adulto para poder subsistir por si mesmo? Esses anos são vitais não só pela necessidade de receber o alimento, mas também pela necessidade de EDUCAR A LIBERDADE HUMANA EM FUNÇÃO DO AMOR.
Herber Macuse foi um dos pensadores que mais intercederam nos anos 60 pelas teorias da total permissividade sexual na criança, para lhe evitar traumas futuros. Das 34 crianças “usadas” como objetos da sua experiência num jardim de infância americano, durante 5 anos, em que nunca se lhes disse “não” a nada, 12 suicidaram-se antes dos 55 anos, 18 apresentaram sérios problemas de adaptação e convivência e 4 levaram uma vida aparentemente normal.
A violência nas escolas, a falta de disciplina, o aumento da delinquência juvenil, o vandalismo, o uso do próprio corpo e do alheio como instrumento do prazer, as dependências do álcool, das drogas, da pornografia, etc. são fenômenos globais da sociedade ocidental. Todos estes comportamentos – esclarece o psicólogo Tony Anatrella, na sua obra “O sexo esquecido” - dos quais cada vez mais pessoas se queixam com um sentimento de impotência e de saturação, não estão a acontecer por acaso. A sociedade criou as condições objetivas para que se desenvolvam e não é justo afirmar, como fazem alguns sociólogos, que estão sistematicamente relacionados com o desemprego e a crise económica. Na realidade estes comportamentos demonstram bem que há uma desresponsabilização da sociedade.
E uma das causas principais para este fato foi o medo que nos transmitiram para educar, de vez em quando, com um “não” necessário. O “não” é um termo politicamente incorreto, inimigo da tolerância, da permissividade, embora se bem utilizado, seja o elemento-chave para formar inteligências abertas, vontades livres e afetividades sãs.
Por detrás de cada “não” durante a formação, há milhões de “sim” no futuro da vida dessa criança.
Um “não” a um ato egoísta é dizer “sim” a muitos atos de generosidade, um “não a um comportamento sexual separado de um amor verdadeiro, é o princípio de uniões estáveis e felizes, um “não” à negligência, é um “sim” à responsabilidade e ao espírito de luta, e um “não” à curiosidade mórbida de torturar um animalzinho sem necessidade alguma, é também um “sim” ao cuidado com o planeta e ao desenvolvimento da responsabilidade ecológica.
Fica demonstrado que um “não” a tempo, pode ser saudável, para o ser humano de hoje e para a sociedade do futuro.”

Nenhum comentário: